Sejam bem vindos ao V.H.!
Vou começar com um tema que muitos acham desnecessário. A importância do samba em nossa História.
Isso mesmo, o samba!
"Nossa música é nossa História. Com ela, fundamos linguagens: o chorinho, o samba, a bossa nova, o tropicalismo, as <<Bachianas>> de Villa-Lobos. Tudo o que ocorreu no século 20 - e está vivo no rito do corpo ou no ritmo de um pandeiro - começou lá longe.
Antes mesmo de o Brasil ser descoberto, como coisa real por fora, o Brasil já tinha sido descoberto no imaginário, como um presumido Paraíso Perdido sobre a Terra. Os portugueses vieram com suas naus, olharam à volta e viram índios que a tudo festejavam com cantos e danças. Depois, trouxeram negros da África, que tornaram dengoso o canto, ao som de tambores e atabaques. A comunhão da rica mestiçagem com o imaginário deu origem a esta nação, tão temperada e musical. "
Retirado do livro Brasil Rito e Ritmo - um século de música popular e clássica, textos de Leonel Kaz, Ricardo Cravo Albin, João Maximo, Tárik de Souza, Luiz Paulo Horta, RJ, Aprazível Edições, 2003/2004.
Mas no que o estudo da História do Samba pode me auxiliar no meu vestibular? A resposta é simples: Ao compreendermos as manifestações artísticas (Isso inclui a música, a arte, a literatura, a dança) e como elas representaram pensamentos de uma época, podemos, com uma só obra, entender de qual momento estamos falando, de que tipo de pessoa ou fato e o que essa música representa.
Exemplo:
Não posso ficar, mais nenhum minuto com você
Sinto muito amor, mas não pode ser...
Moro, em Jaçanã
Se eu perder esse trem,
Que sai agora as onze horas
só amanhã de manhã (...)
Trem das onze - Demônios da Garoa
Na análise do trecho de uma das mais famosas músicas do samba brasileiro, podemos chegar a muitas conclusões, tais quais:
- O autor em questão, não pode ficar com sua amada, pois ele depende de um meio de transporte público para chegar em sua casa, portanto, podemos concluir que esse sujeito em questão é pobre por necessitar de transporte público.
- Considerando ainda o trecho "moro em Jaçanã, se eu perder esse trem (...) só amanhã de manhã", concluímos que o sujeito mora num lugar distante (na periferia), e quem mora nesses lugares, são os membros das camadas mais populares, ex-escravos, trabalhadores que juntos formaram as periferias e as favelas.
- Podemos enfim, chegar a conclusão de que essa música poderia ter sido cantada por um ex-escravo, no final do século XIX.
Esse tipo de questão, pode sim cair no seu vestibular.
O samba, a arte, a literatura e as inúmeras formas de expressão representaram o desejo do povo; na década de 1980, quando os grupos se reuniam secretamente nos "fundos de quintais", significava não só se reunir para se divertir. Significava liberdade.
O samba tem origem no Brasil afro-baiana, com toques cariocas. Ele nasceu nas casas das “tias” baianas, na praça onze no centro do rio.
Tem influências de lundu, umbigadas(semba), capoeira, marcado pelo pandeiro, prato-e-faca e na palma da mão.Pelo Telefone do Donga (1917), foi o primeiro samba a ser gravado, fazendo com que o ritmo fosse finalmente reconhecido.
Foi muito comparado ao maxixe, e não era rotulado como ritmos de negros e pobres.
Jose Barbosa da Silva, Heitor dos Prazeres e Caninha são alguns dos compositores que formaram a chamada “turma do Estácio”
O samba foi o instrumento de luta do negro, para que ele pudesse se inserir na sociedade.
Com a explosão do radio em 1930, o samba ganha enorme difusão através de cantores como Francisco Alves, Orlando Silva, Silvio Caldas, Mario Reis e a Carmen Miranda , que projeta o samba internacionalmente
Os descendentes africanos, dadas as circunstancias, se espalham por morros e primitivas favelas, da onde brotaram artistas como Cartola, Carlos Cachaça, entre outros.
1928 – Com a fundação da “Deixa Falar” por Ismael e a partir da reunião de blocos do Estácio, o fenômeno das Escolas de Samba, toma conta do cenário, e impulsiona outros gêneros como o samba-enredo e o partido alto
Aos poucos, escolas como Beija-flor e Mocidade cresceram até dominar o carnaval, transformando-o em grande atração turística tipicamente brasileira.
Com o surgimento das primeiras danceterias populares (gafieiras) surgiram o estilo samba de choro ou gafieira.
Desde a década de 30 também existe o samba-de-breque ( com pausas preenchidas por falas) – este estilo consagra o chamado malandro – criado por Moreira da Silva e o samba-canção (mais lento ) que é influenciado pelo bolero, com enredos sentimentais.
Após a 2° guerra, a influência americana ajudou a criar a bossa nova que tem grande influencia do jazz. Foi inaugurada por João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Morais.
Na mesma época, um ramal popular turbinado conhecido como sambalanço projetava o telecoteco de Elza Soares, Miltinho, Luis Bandeira, Ed Lincoln, Luis Antonio, Djalma Ferreira
etc.
De dentro da bossa surgiram também os afro-sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes, esse movimento (re)aproximou-se do samba tradicional, revalorizando os sambas de”morro”.
Também da bossa nova surge Jorge Bem Jor que mistura o samba ao maracatu.
Bienal do samba 1960- surge Martinho da Vila, que além de popularizar o partido-alto, também populariza e fortalece o samba-enredo.
Na década de 70, há um novo surto de (re)valorização do samba, com Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes.
O samba é renovado na década de 90 com Gilberto Gil, Baden Powel entre outros.
Esse ramal do samba, movido a partido algo, seria uma resposta ao ocaso do samba do inicio dos 80 que obrigava os sambistas a se reunirem no fundo de quitais para mostrar as suas novas composições aos vizinhos.
Desses quintais, surgiram cantores que conhecemos hoje como Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz e Sombrinha.
Vou ficando por aqui, e deixo vocês com alguns dos mais famosos e importantes sambas da História do Brasil:
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